9 -A luta pelo sonho de fazer aceitar a minha pintura – painel de S. Julião da Barra


"Horizonte - Mensagem"


Ó mar anterior a nós, teus medos
Tinham coral e praias e arvoredos.
Desvendadas a noite e a cerração,
As tormentas passadas e o mistério,
Abria em flor o Longe, e o Sul sidério
'Splendia sobre as naus da iniciação.


Linha severa da longínqua costa -
Quando a nau se aproxima ergue-se a encosta
Em árvores onde o Longe nada tinha;
Mais perto, abre-se a terra em sons e cores:
E, no desembarcar, há aves, flores,
Onde era só, de longe a abstracta linha.

O sonho é ver as formas invisíveis
Da distância imprecisa, e, com sensíveis
Movimentos da esp´rança e da vontade,
Buscar na linha fria do horizonte
A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte -
Os beijos merecidos da Verdade.

Fernando Pessoa







O que convence é a convicção. Eu acreditava totalmente na minha pintura. Pintava com entusiasmo e um grande prazer.

Estava determinada a lutar por um sonho – fazer aceitar a minha pintura. Sentia que este sonho existia para ser conquistado por mim. Aceitava todos os desafios e não desistia perante obstáculos!

Em 1992 o Ministério lançou um concurso para embelezamento dos espaços educativos. 


Apesar de não pertencer a nenhum grupo ligado às artes, o director da altura, Dr Manuel Machado entregou-me também a  mim a documentação do concurso, já em cima do prazo e, eu cheia de entusiasmo resolvi dar o meu contributo. 
Tudo foi feito num período mínimo de tempo.

Fiz investigação e escolhi a época mais gloriosa da história portuguesa e enalteci o facto de Oeiras - barra do Tejo - ser a porta de saída para o desconhecido, enfim a passagem para a enorme aventura dos Descobrimentos Portugueses. Baseei-me no soneto “Horizonte” de F.Pessoa.

Juntei diversos elementos simbólicos de Oeiras, embora surgidos em diversas épocas. Procurei dar expressão aos relatos do desconhecido, envolvendo sereias e outros seres misteriosos.

Dei ao conjunto uma contextualização no tempo – Renascimento em que aparece um enorme desenvolvimento do culto da Virgem Maria e em que a mitologia se mistura com a religião cristã. 
 

Fiz diversos desenhos a lápis até chegar à versão definitiva que pintei num quadro a óleo. Com esses elementos elaborei a minha candidatura. 

Na Escola de S. Julião da Barra foi a única que apareceu e seria ela a representar a escola.

O quadro foi considerado com interesse e o grupo de Trabalho do Ministério da Educação para a Comemoração dos Descobrimentos Portugueses que resolveu fazer a partir dele um painel de azulejos para a Escola de S. Julião da Barra em Oeiras. 

Foi considerado um enorme êxito para a Escola.

 Este painel foi financiado pelo M.E, executado na Azulejaria de S. Marcos e colocado na fachada da Escola.











Passaram-se anos e a Escola Deixou que o painel fosse sendo destruído sem nada fazer apesar de todos os meus protestos.



Passado um ano, a situação piorou. Várias promessas e nada feito, Neste momento está ainda mais degradado.


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